Eles riem-se e levam a vida.
Separa-os o mundo. A distância compreendida entre o meu porto seguro e o meu sonho de verão. Não me asseguro ainda quanto ao inverno por lá...
Falam de políticos. Por alto. Põem-nos todos no mesmo saco sem discrição. Neste assunto não há colheita selecionada. A adega tem porta larga e tem poucas reservas.
Afinal são só comentadores de balcão.
Falam de roubos - "Autorizados estes" - exclama o menos novo empunhando o dedo à televisão - "É o melhor tipo de roubos! É o autorizado!". O protagonista era agora uma agência bancária, mas não sei se por preguiça, indiferença ou propósito, não se mudou o saco. O dedo pouco acusatório saltita à mesma velocidade que a barbicha coordena a risada de quem não tem nada a ver com a situação.
Afinal são acusações leves.
Não o atingem a ele só.
Falácia da responsabilidade outorgada.
E talvez seja assim, ao de leve, que se deva reconhecer a inevitabilidade.