sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cacilheiro


Passam-se já duas semanas desde a minha última entrada. Aproveito para exercitar a escrita naquele que se tornou o meu fiel e silencioso companheiro deste último período de adaptação.
Ao estilo Veneziano submundista, aceita-me as moedas, não me faz pergunta alguma e carrega-me à outra margem. Olha em frente, não fala. Não quer saber quem sou. 

Agradável despretensiosismo. 
Suave vácuo de julgamento. 

É gentil o bastante para me avisar que nos aproximamos do fim. Abranda-me a caneta às ordens de atracagem. Preferimos os dois que saia nessa altura. 

Mantemos a nossa relação saudável e necessária. 

Cacilheiro

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Escrita



Não foi uma vontade enorme. Não foi um impulso premente ou alguma luz que alumiou a vontade.

Foi antes a moínha. Aquela jeito nas costas, ou o dente que irrita sem doer... foi mais isso que me fez voltar aqui.

A minha ausência, como quase todas as anteriores, foi o melhor que me poderia ter acontecido. É nesses momentos que em regra sou mais produtivo. São esses os períodos de transformação.

É nesse tempo em silêncio público que transmuto e revolto o que dentro me mim está, para o que dentro de vós me quiser receber.

Pensei também, nesta espécie de vale, em encerrar este espaço.
E não o faço porque me assumo pela primeira vez nesta plataforma, Egoísta. O término deste espaço não alteraria a vida de ninguém. Teria um impacto surpreso num ou outro coração mais atento que por aqui tenta saber de mim, e ainda assim já pensando na fasquia de cima.

Mas fazer-me-ia infeliz.

E hoje, no alto da minha curta e suculenta vida, preocupo-me com isso. Na minha felicidade encontro a melhor forma de me relacionar com o mundo e no raio que os meus braços permitirem, torná-lo melhor.

E assim, sem nada de grande para escrever, sem especial estado de Graça ou mensagem, volto a vós. Porque viagens não são apenas as que ajudam à soma de milhas.



"uma pessoa deverá ser egoísta até ao ponto de se esquecer de si"- Agostinho da Silva