Happy Hollidays

Amigos e família... 

Peço perdão pela ausência mas os dias não têm sido fáceis... com as épocas festivas o trabalho aumula-se e infelizmente não se traduz tanto em dinheiro... e por essas duas razões as minhas visitas à internet têm sido limitadas ao essencial. 

Espero que tenham passado uma época festiva bastante melhor que a minha... muitas prendinhas ( de preferência não das materiais) e que os momentos em família tenham sido abundantes em partilha e amor. 

Ainda vos escrevo antes do final do ano por estes lados não para vos desejar uma óptima entrada, mas uma óptima estadia... não interessa tanto como entram neste ano que se aproxima, interessa o que farão com ele no seu todo. Façam deste ano mais construtivo no coração, um ano mais partilhado mesmo nas dificuldades, com mais amor e pelo próximo e não tanto por nós. . . 

Apertem tanto quanto puderem os vossos próximos, família, amigos, amores. E lembrem-se de que essa é uma possibilidade que nem todos de nós temos neste momento... considerem a saúde que têm e com quem a partilham uma bênção e não um dado adquirido. 

Eu agradeço.... 

Free Wifi

A chover a potes neste lado do atlântico...

Efémera

Avisam-nos levemente que os cruzeiros são maioritariamente preenchidos por pessoas idosas que se sujeitam a bastante agitação num curto espaço de tempo... e que por vezes não aguentam uma tal carga.

Ontem tivémos que retornar ao porto de embarque, uma das minhas "guests" a bordo teve um enfarte... era uma senhora com quem tinha passado os últimos 3 dias a conversar amenamente e foi talvez uma das famílias com com quem me conectei mais facilmente e mais profundamente... 

Tinha perto de 80 anos e vinha acompanhada do resto da família, cerca de 5 senhoras. Era também a minha família embaixadora, espalhavam excelentes comentários a todos os departamentos por onde passavam quanto ao meu bom serviço e simpatia. Faziam sempre uma festa em coro quando me viam ao longe. 

Desembarcaram todas em Costa Maya para o hospital mais próximo...

Os laços têm destas coisas... tanto se podem apertar como desfazer, depende da ponta que se puxa.

Nâo sei novidades, espero que tenha sobrevivido e que esteja bem. 

De uma forma ou de outra não me cabe a mim... de uma forma ou de outra sei que está em boas mãos.

Cultural Clash

Numa das imensas formações sociais e de interesse interno no que temos no navio, uma delas alerta para o facto de trabalharmos com cerca de 50 nacionalidades num espaço fechado e, como tal, por vezes os conflitos podem ser gerados por culturas divergentes e não por uma intenção manifesta de ofender ou importunar o próximo. 

Assim e tendo este conceito em mente, o meu nível de sapiência subiu um pouco com a aquisição de hábitos da Ilhas de Sta Lúcia. 

Fiquei a saber que é norma ouvir-se música extremamente alto ao ponto de se ter de se gritar na mesma cabine, não importando às horas a que se ouve. Fiquei também a saber que importunar o próximo não querendo saber do seu bem estar poderá também ser uma régua de medição. Desconsiderar o seu espaço, ou comum ,querendo apenas saber do meu é também uma espécie de moda nacional.

Espera... ou será apenas desrespeito? 

Tenho que ter uma conversa séria com o meu colega de quarto antes que o septo nasal dele se apresente ao Córtex pré-frontal. 

Por um lado ia para casa mais cedo de certeza...mas não é esse o objectivo. 

On Board

Escrevo-vos de Cozumel, México.

Não tenho muito tempo porque quero aproveitar o pouco que tenho para acrescentar alguma sensação de liberdade aos últimos dias que têm sido passados sem ver a luz do dia. 

O ambiente no navio é um pouco claustrofóbico e alimentado a milhares de lâmpadas eléctricas. Vivo no Deck B, o que significa que estou abaixo do nível da água a maioria do tempo e numa cabine do tamanho de uma casa de banho simpática. 

Partilho a minha casa de banho com mais 3 pessoas mas até agora têm mantido os níveis de asseio cofortáveis e suficientemente baixos para não reclamar. 

O barulho já é diferente, mas tento passar o menor tempo possível na minha cabine. De resto já passei uma hora e meia nas ilhas Caimão e agora escrevo-vos de Cozumel, um porto muito giro de água azul. Só é pena estar a chuviscar. 

Não quero saber. Eu e o meu amigo Pedro ( Peruano) recusámo-nos a deixar escapar a oportunidade de ver a luz do dia, mesmo que isso signifique meia dúzia de espirros amanhã... e daí talvez não porque até a chuva é quente aqui. 

Tinha ideia de colocar aqui meia dúzia de fotos mas a internet não está a colaborar... Assim sendo envio apenas as duas que tenho do embarque e mando-vos as restante... não se iludam porque as fotos que vos posto são obviamente apenas os bons momentos. Viver a bordo não é fácil. 

Mas tenho fui abençoado com um bom grupo inicial que se tem esforçado dentro do possível por se manter unido. 

Fui abençoado também com um amor maior. E esse trago-o sempre comigo para suportar tudo o resto até que nos encontremos de novo. 

Sinto a vossa falta.

Família Disney

Hoje tive a formação da Disney Traditions. 

Experimentei o meu novíssimo polo Disney Apropriate! ; ) 

É uma formação que tenta explicar toda a história do Grupo Disney desde o verdadeiro início até onde chegou hoje... Tudo começou num pequeno desenho animado que foi na realidade roubado a Walt pelo seu distribuidor. Foi para substituir este que Walt criou o Rato Mickey e daí se seguiram uma série de investimentos arriscados e contra a corrente que acabaram por resultar.

Bem sei que não concorri a este emprego com o objectivo específico de trabalhar para a Disney, mas esta formação obrigou-me a rever o impacto que de facto teve na minha vida... e pensando bem ocupa algumas das minhas melhores memórias de infância. A primeira vez que fui ao cinema por exemplo foi para ver a Branca de Neve e os Sete Anões em família. Lembro-me que pelo menos com a minha prima Cláudia. Devia ser mesmo muito pequeno. 

Recordo-me ainda da primeira vez que vi o Rei Leão em casa da avó Nela... de chorar quando Mufassa morre e de vermos tantas vezes essa cassete que ficou com o som alterado... Recordo-me que não era um hábito meu, mas de todos os primos. Tanto que me recordo também de estar num jantar dos Lions e com o meu primo Xano dizermos todas as falas à vez. Devíamos ir já em 20 minutos de filme falado quando fomos interrompidos com um pedido para pararmos.

Com todas estas memórias, juntas ao sentimento de saudade e empreendimento dei por mim nostálgico e com a lagriminha no canto do olho... 

Dei por mim orgulhoso por trabalhar no Grupo Disney que é hoje muito maior do que eu alguma vez imaginaria... O grupo Disney é detentor do canal ABC, ESPN e de algumas das minhas séries favoritas como Anatomia de Grey, Desperate Housewifes ou LOST.

Não fazia ideia mas só me faz mais orgulhoso. Ainda que a intenção seja apenas um contrato dou por mim com um pequeno sentimento de satisfação de ter o meu próprio nome ao peito envolto em pó mágico da Sininho.. = ) 

Tenho um barco para apanhar dentro de 4 horas... 

Sim, ainda não me deitei...

Até já

Thanks Giving Day!

Esta História começa de uma forma interessante. Eu, o Pedro e o Jorge ( Peruano e Hondurenho) fomos convidados para nos juntarmos à mesa já reservada pelo grupo de Entertenimento e acitámos de bom grado. Afinal era o nosso primeiro Thanks Giving Day.

Depois do ginásio ( 2a vez na minha vida) fomos ao quarto, tomámos um duche rápido e subimos para o restaurante com a nossa roupa do costume. E quem me conhece sabe que para mim uma boa t-shirt musical e umas calças de ganga sem buracos representam quase um traje formal.

Cheguei à mesa e apesar da recepção entusiástica do Daniel ( o guia no centro comercial) deparei-me com um sentimento que não me é de todo costumeiro...nunca me senti tão mal vestido!

Daniel - "Oh, don't worry, there's a lot of pople wearing t-shirts!"

Eu, a falar por mim, pelo Pedro e pelo Jorge.. "No... There is none...We'll be back in a moment!"

Mais 20 minutos e já estávamos mais apropriados, não nos preparámos para isto mas desenrascámos qualquer coisa

O menu era variado mas o perú era a escolha óbvia. Foi um jantar de grupo interessante, com o atraso acabei por ser colocado numa mesa cujas pessoas só conhecia de vista e assim fui obrigado a socializar com  todos. Pensando bem sobre a questão, acho que estou a ser abençoado por ter encontrado este grupo de Enterteiners... Muita gente me avisou da competitividade do todo este universo de trabalhadores que faz o seu salário de comissões. E neste grupo não existe isso! Não só não ganham à comissão como não me vêm como competição. E isso pode vir a dar muito jeito num navio com 1000 pessoas a servir outras 3000.

De barriga cheia,

Até já

Primeiro Certificado!

Sei que existem mais fotos, mas como não fui eu que as tirei não as tenho ainda... 

Este dia resumiu-se a muita piscina, dores de pernas e um alto teor de cloro no meu sangue. Mas, até que foi divertido e estou certificado para lançar flares, rockets, granadas de fumo sinalizador E virar jangadas insufláveis de emergência ao contrário! 

Giro, esperemos que não seja útil!

Até ja, 

Running Around

Bem, o tempo de internet gratuita não tem sido tanto quanto eu gostaria...

Começando do início, cheguei cansadíssimo mas todas as pessoas até agora me têm tratado lindamente.

Não tinha ideia do povo Americano ser tão amistoso e aberto. Têm sido mesmo impecáveis, o que seria de esperar das pessoas que trabalham no Hotel, mas é uma tendência que se expande muito para além da obrigatoriedade. Em todas as lojas ou recepções incluindo a do Aeroporto as pessoas gritam à distância para nos cumprimentar como se nos conhecessem há anos! E com um tom tão amistoso que é realmente difícil não retribuir o sorriso e o grito por consequência... HEEY!! HOW ARE YOU?! - "HEY, FINE THANKS!! YOU?"

Ridiculamente agradável!

Não foi difícil entrar no fuso horário, maioritariamente porque não sei o que é um desses desde há bastante tempo.

Contudo, não foi fácil chegar aqui: 2h de voo de Lisboa a Paris, mais quase 1 hora para mudar de avião e mais 10 horas e meia de Paris a Houston.. 10 HORAS E MEIA!!! Nâo contando com o tempo que esperei para entrar oficialmente nos EUA com o controlo fronteiriço.

O lado positivo é que o simpático Boeing 777 da Airfrance vinha equipado com uma boa bateria de filmes e sempre consegui preencher algumas lacunas que me chateavam há umas semanas: Madagascar 3, Ice Age Continental Drift, The Amazing Spiderman e outro cujo nome não me recordo...

Sendo que estou hospedado num Hotel dentro do Aeroporto, podem imaginar que hospedar-me não foi grande problema.

Estou aqui com mais 34 pessoas que embarcarão comigo no Disney Magic no sábado e o grupo não é NADA do que eu esperava. É do conhecimento geral que esta espécie de companhias, muito embora possua boas condições de trabalho recruta funcionários que representem mão de obra barata, como é o caso dos Portugueses. E como tal esperava encontrar o que é de facto costume nesta espécie de navios: Colombianos, Malaios, Peruanos, Hondurenhos, Brasileiros, Chineses... por aí.

Well yeah... That's not how it happened!

Do meu grupo de 35 pessoas, 33 são parte do grupo de entretenimento, estão juntos já há dois meses em ensaios e são TODOS Americanos ou Canadianos. O que até é bastante bom, são bastante simpáticos e animados.... mas é mais complicado integrarmo-nos num grupo já formado.

Isso e a confiança que tinha no meu Inglês, essa já era.

Descobri hoje também que as T-shirts não fazem parte do vestuário aprovado pela Disney, ainda que nos momentos de folga. E como T-shirts representam cerca de 60% da roupa que trouxe, hoje fui às compras.

Não foi difícil aconselhar-me também porque o grupo no qual me vou aos poucos integrando é composto também por uns 10 rapazes e desses, 8 são com toda a certeza homossexuais. Faz deles não só os mais simpáticos e animados, como os melhores conselheiros que poderia ter para assuntos destes... Assim levei um guia e comprei um polo simpático que estava a metade do preço, numa cor que não costumo usar, mas bem... o que se veste por estas bandas é mais colorido do que se veste por essas também. Depois mostro-vos quando o vestir.

Tenho tanto mais para partilhar... mas vou guardar algumas coisas para o caso de me faltar assunto de alguma vez.

Com saudades do meu mundo,
Até já.

Jet Lag

A dormência é tanta que nem sei por onde começar a escrever...

Ainda tenho o cérebro a fazer contas às horas locais e horas GMT, batalhas com o fuso horário do telemóvel e formas de comunicação. 

Ainda assim não podia deixar de vir aqui postar que cheguei inteiro a Houston Texas, cansado e com demasiadas horas de voo em cima mas bem! 

Queria ver se não adormecia para não sofrer tanto de jetlag amanhã, mas não vai ser tarefa fácil... usando palavras que não são minhas, tenho as pestanas tão pesadas que se lhes atasse um fio de nylon podia fazer pesca de fundo com elas!

Até já...

No sleep

O vento é forte e a chuva faz-se notar no vidro da sala. Por mais força que tenha, deste lado apenas faz levantar a ponta da orelha do gato que repasta em frente ao aquecedor eléctrico.

O tempo de partir aproxima-se e os preparativos estão quase todos feitos... roupas passaram-se, revêem-se percursos e derramam-se as últimas lágrimas sobre cartas de despedida. 

Últimas dedicatórias no facebook.

Tudo nas nossas vidas nos tem trazido a este ponto de situação, tudo nos tem feito prever o que acontece dentro de dois dias... mas nada, absolutamente nada, nos prepara para o que nos vai no coração, mais pequeno a cada minuto que passa. 

Passamos a imagem da segurança e entusiasmo ao mundo. Dizemos coisas bonitas e sentidas, conversas ternas como sempre as tivémos, mimamos os nossos como se fosse possível encher uma pequena reserva para quando sentirmos mais falta uns dos outros... 

Mas por dentro sofremos por antecipação.

Título

Não é fácil escolher um título para um blog. 

Não que tenha coleccionado muitos, mas para que se possa comparar, é mais ou menos o mesmo que nos pedirem para escrevermos sobre o que quisermos, apenas com uma caneta azul e um livro branco à frente... muitas opções sobrepostas e nenhuma delas parece ser "a tal".

Isso ou um vácuo absoluto no armário das ideias.

Mas isso apenas acontece por poucos e longos minutos, acontece até que se faça luz e se arranje uma linha condutora do nosso pensamento...

Eu celebro o meu amor diário com a minha linha condutora. 

Por isso foi fácil. Não importa se o que venha a publicar nos próximos seis meses são as melhores paisagens do mundo, festas incríveis ou uma vida de escravidão a bordo de um navio. Sei que toda e qualquer letra que publique será para a enviar para "casa", para a comparar com a minha vida que levo agora, com a aproximação de casa, onde vivo e sou feliz... 

Queria ainda que ficasse bem explícito que não trocava a vida que levo por nenhuma destas futuras publicações... não quero com isso dizer que não me vá divertir ou apreciar de certa forma as experiências pelas quais vou passar. 

Significa que vou estar longe de tudo o resto. E isso custa.

Até já

Introdução

Sempre achei educado começar uma conversa com uma apresentação. Um "quem sou" seguido dum "de onde venho" e se a conversa correr muito bem arrisco ainda uma especulação acerca de um "para onde penso ir"

. Esta conversa não começa assim.

Abro assim a primeira página deste livro pessoal sem me apresentar por dois motivos: Em primeiro, ao aceder a este blog, a probabilidade de me conhecerem de antemão é muito próxima da certa, e é para vós que escrevo.

Em segundo, porque ainda que possam não me conhecer, como será o caso de novos ou acidentais leitores, nada do que vos poderei dizer vai ajudar a compreender a pessoa que sou. Serviria sim para vos colocar na posição de julgadores por preconceito, coisa que não quero.

Começo então por apresentar a alma do meu blog, ao invés da minha pessoa. 

Antes de mais crio este blog pelo amor sinto e sossego que desejo aos meus mais próximos, sejam eles da família que me viu crescer ou da que escolhi para minha. 

Dentro de 11 dias saio de Portugal de bagagem feita para uma jornada de 6 meses a trabalhar fora do nosso jardim à beira mar plantado. 46kg de roupa, memória, saudade e acessórios é o que me permitem levar no voo da Airfrance que me deixará no George Bush Intercontinental Airport, não antes de me obrigar a uma corridinha de um Airbus para um Boeing em Charles de Gaulle.

Esperam-me seis meses embarcado a trabalhar no Navio Disney Magic, algures no Golfo do México onde a internet se paga a peso de ouro, assim como as chamadas telefónicas, pelo que as publicações neste humilde mas sentido espaço não serão diárias. Guardarei essa parte do orçamento para o contacto com tem mesmo de ser. Tentarei pelo menos fazer publicações semanais com relatos dos momentos mais importantes para mim, ou que me tocaram mais. 

Até já,