sábado, 16 de novembro de 2013

Little Dreams




A sala estava vazia.

Chegámos nós, executantes, à hora marcada. Não fosse o nervosismo que se deixa ver pelos sorrisos que trocamos em silêncio, seria outro dia igual a tantos outros no Studio Sea. As paredes, pouco reveladoras à meia luz, contêm na multidão de esboços alguns dos espectadores mais difíceis do mundo. Atentos no no papel de parede estas personagens Disney já viram de tudo nos últimos 15 anos. No entanto são simpáticos o suficiente para deixar as cerca de 35 mesas e 120/140 lugares sentados vagos, em cadeiras de realizador. Lugares vãos, acrescente-se, uma vez que somos cerca de 1000 tripulantes. Não terão todos a disponibilidade ( ou a vontade) de vir hoje mas, uma vez que se trata do último espectáculo exclusivo para a tripulação a ser feito neste espaço emblemático, esperamos que pelo menos metade encontre tempo e disposição.


Os cocktails criados especialmente para o efeito ajudam.


Os passos apressam-se, termos montado um espectáculo de 7 actos, sem paragens, sem que nunca tenhamos tentado um ensaio conjunto..... define uma linha muito fina entre um espírito empreendedor embebido de uma enorme força de vontade... e uma enorme e redonda estupidez. Em saudação da verdade, a partir do 3º acto, não faço a mais pequena ideia do que aí vem. No que me diz respeito, cabe-me a responsabilidade da abertura do espectáculo, a solo. Responsabilidade que aceitei apenas para ajudar um "algém" de quem gosto muito e que se sentia demasiado intimidado para o fazer.... confesso que não foi uma escolha pensada (Raio de sensibilidade a minha).

Este facto seria suficiente para que neste momento a minha contagem de batimentos cardíacos não fosse a mais homogénea que me vem à memória mas, como não sei limitar os ataques de verborreia que por vezes me assolam e fazem com que da minha boca jorrem pacotes de disponibilidade instantânea, entro em mais dois números musicais.... SEGUIDOS!

Assim só necessito de me esbardalhar ( expressão magnífica esta não é?.. .esbradarlhar... gosto) no 1º acto a solo para encavalitar os outros dois!

Sejamos objectivos:

Cadeira - check
Suporte - check
Microfone - check
Luna - check
Cabo - check

Tenho tudo, abram-se as portas e "fiat lux".

A fila impedia já a circulação dos elevadores 2 andares abaixo. Esqueci-me da estimativa que fiz e perdi-me na contagem de cabeças. 20 minutos depois já estamos cheios. Bebidas circulam quase com a mesma velocidade que os comentários aos vestidos das "outras"... uma cereja que faltava no topo do bolo dos 7 actos... espírito crítico.

- Vamos começar? - Pergunta o Rodolfo. Faço um sorriso com meia vontade e aceno com a cabeça

- "Vamos lá ver como é que é para contar como é que foi" - Neste momento de aperto não me ocorreu mais nenhuma frase de distribuição automática.


Empurro a porta que não me recordo de ser tão pesada e ouço a voz do Rodolfo ampliada no sistema de som. Esforça-se por fazer atingir o clímax na multidão expectante que me espera do outro lado. O cheiro a backstage enche-me as narinas. É um cheiro difícil de descrever e esforço-me ao máximo para o colocar numa das prateleiras principais da minha memória. É uma mescla compreendida entre o mofo, o pó e o carbono da madeira que sei que mais tarde vai simbolizar um momento na minha vida. Faço uma oração enquanto ouço a apresentação no sistema de som, que me lança lá fora tal gladiador aclamado. Lanço as mãos à cortina e faço um ar confiante, de quem faz isto todos os dias.... esqueci-me do sorriso nos bastidores. Ficou ao lado do génio que gritava aos ouvidos mensagens de medo e pânico.

Aceno ao infinito. Com as luzes apontadas a mim de facto não consigo distinguir ninguém.

Luna ao colo, ajeito o microfone e tento ganhar tempo com afinações mínimas na guitarra que pela forma como treme está tão nervosa quanto eu. Resolvo lançar uma piada para quebrar o gelo.... o meu. Em jeito de kickstart, as mãos ganham vida e começam a tocar a música em tempo certo... agora já não posso voltar a trás.

O tempo está a chegar... aproximo a boca do microfone.

Aquele momento em que tudo se move mais lento... tudo o que ouço é a minha pulsação e a minha última respiração ampliada no sistema de som.






Começou.







segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Planes



Ja vi o filme!!!

Estou cansado e tenho andado nos últimos dias a tentar não quebrar a regra que não nos permite trabalhar mais de 14 horas diárias. Por mais estúpido que possa parecer, se isso aocntecer a responsabilidade é-nos reportada e não aos nossos Líderes ( aos que merecem tal tíltulo) e, ultimamente, poderá mesmo levar a despedimento.

Rídículo mas verdade. Para que possam ter aí uma ideia do quanto tenho trabalhado, nos últimos dois dias não quebrei o POB ( essa regra estabelecia) por menos de 15 minutos.

Voltando ao filme, tem uns pormenores interssantes. Tem umas piadas estritamente aeronáuticas e apresenta muito poucas falhas. Curioso também que me recordo de na altura ter reparado nessas mesmas falhas, mas agora que me esforço por recordar..... já não me lembro quais eram... o que remete a minha sensação para o facto de que provavelmente não seriam muito graves.

Notei também que era a  única pessoa no cinema a mover constantemente a cabeça para compensar os ângulos de câmara nas voltas mais apertadas.... old habits die hard...

Enfim, aconselho...

Reavivei a minha saudade de voar e o meu desejo de um dia me ver aos comandos de um Spitfire da 2a guerra mundial.... (suspiro)

Quando for grande suponho..

Abreijos
É uma semi-continuação do filme Cars, nascido também da parceria Disney - Pixar.



http://www.youtube.com/watch?v=3KumjBXHdzY

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Veneza By Night


Apresso-me no trabalho. 

Com o navio atracado em Veneza pela noite, devem haver poucos clientes a bordo... porque é que demoramos tanto tempo a encerrar? 

Corro de um lado para o outro, suo no meu novo e ridículo uniforme tentando apressar a tão desejada saída do navio. Tenho três pessoas à minha espera e odeio fazer-me esperar. 

Faltando paciência para aguardar pelo elevador, desço três andares mais pelos corrimões do que pelos degraus e entro na cabine 9660. Confirma-se a minha preocupação. 

O Rodolfo joga playstation já de cabelo ajeitado na direcção do costume, talvez com um pouco mais de gel para aprimorar a ocasião. 

Sem tempo para banhos então.

Vesti a túnica mais apropriada ao romantismo dos canais, molhei o cabelo ( este contrato recusei-me a moldá-lo com qualquer espécie de fixante) e telefonámos à Carissa para que viesse ao nosso encontro com a Caroline.  

Respirei fundo. Ao que parece não só não havia pressa para sair, como queriam passar para um copo de vinho antes de nos fazemos ao caminho.

Batem as 23:30 e decido-me por não levar casaco sob a premissa do Rodolfo de que ele já levava um e que tinha a Carissa para o aquecer. Para frustração dos dois, é um cenário que não se espelha com a Caroline, mas aceito de bom grado o casaco e o argumento, se necessário.

Dos quatro, apenas Caroline domina o Italiano. Fruto de um ano em intercâmbio que recorda com mais saudades do que aquelas que expressa. Preocupa-se em não se tronar aborrecida e a gerência agradece. 

Saímos do grande e enclausurante Disney Magic e somos abraçados pelo calor abafador de Veneza. Ainda não se cheiram os canais daqui mas já gondoleamos mais do que andamos pelo alcatrão do porto. 

Todos os tripulantes pelos quais passamos vêm na direcção inversa: "Está tudo fechado" - acautelam-nos repetidamente.

Já nos haviam avisado antes. O que me fez vir com este pequeno e selecto grupo foi precisamente o facto de nenhum de nós se importar com isso. Não viemos a Veneza para nos embrenharmos nos flashes incessantes e no barulho silenciador dos clubes locais, cheios da mesma tripulação pela qual passamos diariamente.

Num raso de loucura espontânea íamos a Veneza para ver Veneza... A cidade não encerra só porque não nos é disposto o comércio turístico e os tours demasiado caros e objectivos. E o resultado desse desprendimento de objectivo a cumprir ou do percurso em si não poderia ter sido melhor.

A cidade tem um encanto especial pela noite. Não só pelo desertismo das ruas e dos canais ou pelo silêncio, pontuado com um grupo ou outro de jovens locais que apreciam vinhos e conversas nos inúmeros cais espalhados pelas margens. Essencialmente pela ausência de pressa para coisa alguma. A liberdade de se fazer o que se quizer, agora ou quando nos apetecer, por onde for. 

É no entanto um local de extremos. 

Paria no ar uma guerra sintomática: O secretismo labiríntico das ruas estreitas e dos canais quietos de um lado. A ordem gritada à rectidão dos edifícios estatais e o eco que reflecte no enorme vazio das praças outro.

As conversas prolongam-se por horas. Os assuntos sempre frescos e ambulantes, renovados a cada ponte que atravessamos. 

Curiosas edificações, essas a quem chamamos de pontes. ..
Um elo de conexão em caso todo, nem terrenas nem astrais, tão práticas quanto litúrgicas.
Feminidade perfeita no engenho da ligação.















Chegamos à altura de decisões. Recito Mind da Gap por instinto "bazamos ou ficamos?"

Seguem-se opiniões parcas e pouco concisas.

"Por mais um par de horas vemos o nascer do sol em Veneza"  - Intervenho de novo. 

Contaram-se os sorrisos e a decisão foi unânime. 

Seguiu-se um dia arrastado e de olheiras sombreadas sob as horas mais longas.

Mas compensou largamente. 

Abreijos.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Disney na Forbes Magazine




America's n.º1 Reputable Company.... de acordo com a Forbes Magazine. 

O Rato não brinca em serviço ; ) 

domingo, 4 de agosto de 2013

Napoli

Nápoles é suja, caótica e tem muito pouca consideração para com a vida humana no geral. 

Foram estes os traços gerais da cidade que moldaram a opinião das pessoas com quem procurei alguma espécie de direcção ou sugestão. 

Assim saí, solitário, e determinado à aventura. Comigo, trago apenas o computador às costas, uma bolsa com uma dose generosa de atenção ao trânsito e poucas expectativas no bolso ( no da frente porque os panfletos dizem que o de trás é mais fácil de roubar). Não estavam ainda à vista as ruas costeiras de Nápoles quando na porta de embarque me cruzo com uma das poucas Portuguesas a bordo. Alguém com quem nem me cruzo muitas vezes.

Confessou-me ser vegetariana há mais de 18 anos e que tinha encontrado um restaurante vegetariano na sua última passagem, que se situava na parte mais alta da cidade, a cerca de 25 min a pé... convidou-me para acompanhar. Isto caso não me importasse de andar tanto e por bairros mais degradados - Tipo bairro alto - diz ela. 

Claramente não me conhece...

Mudança súbita de planos e aqui vamos nós... 

Dificilmente podia ter corrido melhor. Acontece que acabei por acompanhar a Susana na celebração do seu 3º aniversário com a Disney. Uma celebração originalmente destinada à solitária.

Ruminámos duas doses de filetes de seitan marinado em limão e vinho branco num restaurante acolhedor, de tons rústicos, em jeito de mercearia. O serviço era cru e desenrascado. Talvez não noutra circunstância, mas sabe bem ver o empregado de mesa servir o pão com as mãos... uma espécie de sentimento mais doce que acre pelo contraste com os níveis de serviço que somos obrigados a obedecer a cada minuto a bordo.

O bairro de facto assemelha-se em vários aspectos ao bairro alto. Não só pelas ruas estreitas e desprovidas de carros. Também pelas lojas mais criativas do que abençoadas com fundos de maneio, escondidas entre portas de prédios.... e quem me conhece sabe que tenho um fraquinho por coisas escondidas. 

Em resumo, refuto tudo quando me disseram da cidade. Existe sim imensa arquitectura vandalizada, o transito é caótico e a sujidade na rua abunda.... mas não é esse o standard das grandes cidades da Europa neste momento? Será a nossa Lisboa assim tão diferente? Não passa de uma cidade maravilhosa  e mal aproveitada. 

Gostei e aconselho.
Aconselho também que não tentem ver a cidade pelos olhos dos outros... copo meio cheio ou meio vazio... é uma questão de perspectiva.



Abreijos.








domingo, 28 de julho de 2013

Running like a chicken!



 O meu nível de cansaço atingiu níveis que já não sentia há bastante tempo. Tinha a ideia completamente errada quanto ao trabalho que envolve a equipa de vinho. Pensava que eram remunerados mais na base do seu conhecimento e não tanto pelo volume de trabalho ou carga física que este pudesse acarretar.

 Enganei-me redondamente. 

Cheguei à conclusão ao correr de uma semaninha on job que o conhecimento é bem-vindo no que diz respeito a promoções e imagem que transmitimos à equipa de restaurante pela qual somos responsáveis... mas não é essencial para o desempenho do trabalho, apenas para sermos bem sucedidos. Não me recordo de alguma vez ter corrido tanto neste navio como nas últimas noites. 

O lado positivo da situação é que ando a dormir que nem um anjinho...

O lado negativo é que esse anjinho pela manhã manjerica planos diversos para exterminar o despertador.... plena malevolência.


PS - foi a imagem mais alusiva à expressão "Running like a chicken" que encontrei... não tem muito a ver eu sei mas não faço ideia como me escapou a semelhança por estes anos todos.

Abreijos

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Yehey!!

Boas! 

Ao que parece não vou para casa ainda... já voltei ao activo! = ) 

O pé está partido sim... mas apenas com uma pequena fractura que não provoca dores que não me permitam trabalhar... conseguindo andar nos últimos dias, sou o mais recente Sommelier da Wine Team do Disney Magic ; ) 

Abreijos

domingo, 21 de julho de 2013

Oh Happy Day!!!

Há dois dias aumentei o meu conhecimento sobre ginásios: 

Desconhecia que exitiam punching bags com um fundo de cimento ( ou duma qualquer liga metálica.... mas ia jurar que parecia cimento).

Comecei o meu treino como sempre, corri uma milha para aquecer, fiz uma espécie de elevações para aquecer os músculos e dirigia-me à minha barra favorita para mais umas quantas.

Ora, pelo caminho tenho obrigatoriamente que passar pelo punching bag que balançava sozinho como que a pedir um biqueiro... 

Não resisti. 

Disferi uma combinação de socos que tinha feito habitualmente ao longo de 6 meses de contrato para lhe sentir a textura, e após o último soco de esquerda preparei-me para a combinação de low kicks à altura da cintura ( parte mais baixa do saco).

Último soco de esquerda -> puufff
Primeiro Kick de direita ->POK!!!! 

O som não foi o mesmo... ao que abri muito os olhos e pensei: ESTÁZAAAGOZAAARR!!!

Ao que parece os primeiros dois palmos de saco, do lado de dentro são compostos por qualquer coisa bastante sólida.... e quando digo bastante sólida digo que já mandei kicks em paredes mais suaves...

Sentei-me no primeiro degrau que encontrei não sem antes descrever um circuito ridículo de saltinhos apoiados na outra perna, acompanhado de uma série de palavras muito feias que de resto só proferidas para dentro. 

Tive que me convencer a tirar o sapato a custo e o inchaço no pé era já visível menos de dois minutos depois através da meia... bonito.

Ainda desci cinco andares na única escada que dá acesso ao ginásio e meti-me na minha cabine. As dores eram tantas que fui buscar o meu cobertor à cama porque estava a tremer de frio. Fio neste estado que fui encontrado pelo meu colega de quarto e este prontificou-se a ir buscar-me comprimidos e a sua namorada um Ice Bag que têm no escritório dos Characters.... dormi com fome porque não me atrevi a andar para a Crew mess.

Como passei uma noite tão mal dormida acabei por acordar só às 09:30, o que fez com que perdesse a janela de tempo matinal em que o Centro de Saúde está aberto para nós, tripulação. Assim sendo tive que ainda ir trabalhar das 12:30 às 15 neste estado deplorável. 

No Centro Médico fizeram-me um raio x que diagnosticou que o meu pé estava partido... a única boa notícia é que onde o Médico me disse que estava rachado não me dói. O que pode remeter essa fractura para uma qualquer antiga lesão, numa das imensas vezes em que me lembrei de bater com os pés nalgum objecto claramente mais sólido em comparação.

Conclusão: Injecção de anti-inflamatório e anestésico, muletas e meia dúzia de comprimidos. 48h sem trabalhar e novo raio x para o final dessas horas, para me diagnosticar com mais clareza... 

No que eu me meto...

Abreijos

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Adaptação

Balanço da semana... 

Pensei que me custaria mais a adaptar-me à vida a bordo novamente. Mas acho que já estou vacinado. 
As más notícias é que entrei como Server novamente, o que me desagrada profundamente. As boas notícias é que estou só neste cruzeiro de 12 dias nessa posição. 
Fui desafiado para passar para Wine Keeper, o que faz com que esteja na equipa de vinhos do navio, que de resto é composta apenas por 4 pessoas. Vai ser bom para aumentar o meu conhecimento na área e o dinheiro é mais constante... não abunda mas ao que inquiri por aí é o suficiente para as despesas que tenho por esse país do qual me lêem. Existe ainda a perspectiva de carreira de passar para Soumelier. Quando for grande apenas ; ) 

De resto estou bem, abreijos* 

Flight TP1066


Os ombros pesam. 

Por mais que tente reduzir o peso da mala por cada vez que a faça, teimo em substitutir ( e não remover apenas) os items ( e o peso) que minutos antes julguei serem desnecessários.

- 23Kg certos! - Exclama a Sra da Tap.
-Tras mais alguma mala?

-Bem, assumindo que a guitarra possa ir comigo, não.

Olha meio de lado para a caixa da Luna que montava guarda à minha esquerda.
-Pode seguir - conclui nem convencida nem convincente.

Temo o dia em que  aminha companhia de viagens seja obrigada a viajar no porão. 

Trato de preencher o buraco que já se alojava no estômago e que tentara ignorar até então. Encontro daquelas sandwiches impossíveis de encontrar em qualquer lado que não num aeroporto: demasido pequenas e demasiado caras. Esta em específico conseguia reunir entre as duas fatia de pão um bife de frango, cebola caramelizada e queijo creme Philadelfia. 

50 minutos para a hora de embarque, sentado e com a sandes ao alcance da mão. Perfeito para mais um par de capítulos do livro que trouxe e que deixei cuidadosamente na camada superior da mala........... que acababei de despaxar no check in!!!

RAIOS!!!

Ora bem, livros em promoção... Paulo coelho, O Diário de um Mago, 8€. Suspiro e tiro o cartão do bolso.
Um quinto do livro depois e sempre de Luna na mão, chego à porta de embarque N.º23. Apinhada de gente, mais de regresso do que de partida para Barcelona.
Não sendo nenhum especialista em Aeroportos mas dá-me a parecer que pela hora de embarque deveria ser capaz de avistar uma aeronave no exterior, na outra ponta da manga que liga a porta de embarque ao lado de fora.
Boa.... vai atrasar.

E ao que parece áquela hora fui o único tirar essa conclusão da cartola da paciência, julgando pelos bufos crescentes e pequenas reclamações entre-dentes que se iam amontoando ao passar dos minutos.

Eis que tudo cessa. Tudo silencia e tudo olha para o canto mais oeste da sala de embarque dedicada ao nosso voo. Ouvia-se um barulho de água abundante em rota de colisão com o chão de pedra polida e fria.

Ou haviam rebentado as águas a alguém ou ............ pois....... pelo cheiro a azedo parece que só vomitou.... 

A viagem promete...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Viva la música!


É Argentino e vou chamá-lo de Pablo pois esqueci-me de lhe perguntar o nome. 

Apanhei-o na 5a paragem da sua viagem pela Europa que, por coincidência (vide a referência nas minhas costelas esquerdas) começou em Lisboa.

É jovem de corpo, tendência que dificilmente a sua alma acompanha. Nutre uma paixão global pela música na medida Associacionista da questão, como conjunto de elementos, sons. É uma pessoa que se presta a umas  pancadas com os nós dos dedos na mesa de madeira em plena conversa comigo... expressa-se melhor assim e eu entendo-o melhor também.

Mantém-me feliz saber que alimentou os seus horizontes musicais na nossa cidade Mãe que, aliás, mantém como referência máxima até agora.

Ontem reparei no Laptop da irmã, aberto num programa que reconheço dos meus 16 anos de idade. Por ocasião de uma gravação musical minha em "estúdio" improvisado  por hora do dia dos namorados.

No display havia apenas uma faixa que se ouvia tão repetitivamente quanto a música que passava em loop nos meus phones. O tipo de loop que só se vê quando se tenta aprender minuciosamente o que se ouve, ou se ouve minuciosamente o que se tenta aperfeiçoar em gravação.

Viria a saber esta manhã, sem que tivesse perguntado, que fizeram os dois um investimento num par de Microfones e fizeram de seu projecto Europeu conseguir gravações de todos os Street Performers que se apresentem à altura da inspiração, essa fugidia que se encontra em todo o lado.

"Música de excelente qualidade e gratuita!" - Acrescenta. 

Tem razão e tão pouco me ocorre a necessidade de justificação. 

Apertamos a mão e afasto-me. Levo comigo uma secreta vontade de ser surpreendido um qualquer dia, num qualquer lado, por um sujeito de alma inquieta e corpo jovem. 

E um par de Microfones.

Abreijos


Vacaciones!


Férias.... 

Têm um sabor esquisito...sabem bem pelo descanso mas encontro-me em momentos brancos e com nada para os preencher... falta-me a gente, os contactos e os laços que têm tanto de curtos como de intensos.

Não vou fazer escrita lírica do meu género e dizer que fiz amigos para toda a vida, ela própria ensinou-me a não julgar sobre as pessoas. São uma raça estranha e têm a tendência de nos surpreender. Nem sempre pela positiva. 

Posso afirmar com certeza que fiz memórias. Essas sim acompanham-me e fazem-me falta. Percebo agora a intensidade da saudade que colegas sentiam quando iam de férias. Era o que se via de mais comum, ter alguém que afirmava a plenos pulmões não voltar para o navio e engolir o que havia dito apenas um mês depois. Percebo... 

Mas ainda não cheguei a metade das minhas férias ( quase) ... e receio estar certo quando digo que a melhor metade ainda está por vir. E por isso, escrevo-vos agora de Barcelona. Férias sim... ( apanhei-as baratas). 

Alargo os meus horizontes de tudo, mas principalmente musicais... Abraço a cidade que tão pouco sente a diferença...tamanha é a gente que partilha este sentimento. Iludo-me e desiludo-me com os Turistic points... 

A luna essa anda não saiu do Hostel.. tenho-a apanhado com mais vergonha do que pensei de início...

Sei que falta um texto em jeito de conclusão deste primeiro contrato... mas o sentimento é tão pessoal que tenho tido dificuldade em expressá-lo por palavras que não se gravem a fogo no meu coração. 

E por isso... fica para depois. 

Abreijos. 

domingo, 5 de maio de 2013

Thunderstorm!


Hoje Escrevo-vos de Key West. 

Após mais um exercício de evacuação efectuado com sucesso ( relembro que sou Traffic Controller ), dirigi-me ao bar pelo qual me apuram responsabilidades nesta rotação, PLUTO.

Ora distraído com o set up do bar e os parâmetros meticulosos em demasia ( a que a bordo somos obrigados a chamar Disney Approved Standards) não reparei na tempestade que se aproximava e fui surpreendido por um relâmpago... 



FLASH!
1 mississipi, 2 mississipi, 3 mississipi, 4mississipi .............. grrruuum.



Sob o conforto da distância do relâmpago ( multiplicar o tempo em segundos pela velocidade média do som em condições ISO ao nível do mar) vieram-me à memória um par de noites passadas em Alenquer, mais especificamente no quintal da frente a contemplar meia dúzia de Cumulonimbus a brincarem entre si... 

Não será decerto a opinião geral a bordo, mas observar esta espécie de fenómeno natural sempre me agradou a vista... e graças a Deus nada mais que a vista. 



FLASH!!
1 mississipi, 2 mississipi 3 mississipi.........gggrruuuuuummmm



Tenho a plena noção que as 1658 crianças a bordo não devem estar a achar tanta piada a isto quanto 
eu......




FLASH!!! FLASH!!!
1mississ -  GGRRRRUUUUMMM!!!




Elá... este foi pertinho... ou muito me engano ou estamos a ficar mais...




GGGGGGGGGRRRRRRRRRREEEEEEEEEEEEEAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!
...
FLASH!!




E aqui as coisas mudaram! 

A partir do momento em que o som do céu a rasgar-se violentamente surge antes do flash, o respeito ( ou "cagufa" se quiserem) tomou a minha linha de raciocínio para modo de sobrevivência. 

Analisemos: 
Numa situação tal, todas as fibras da nossa composição, dita inteligente, nos imploram de joelhos se os tivessem que nos afastemos de: 
- Metal
- Planos elevados 
- Água

Porquê? Simples leis de condução eléctrica e maioritariamente bom senso! 

Situação actual: Não só estou a bordo do maior objecto metálico num raio de uns bons quilómetros, é também o plano mais elevado das redondezas e acontece estar a boiar no mar... ( uns dias mais que outros, daí os exercícios de evacuação)

Desconforto....

Este post está também a ser escrito ( em papel) do lado de dentro de um bar forrado a alumínio por questões sanitárias, e relativamente inundado pela chuva que se fez sentir até agora. Adivinhem... para piorar, é no penúltimo piso, ou seja, no 9º andar de 10 sendo que estes dois últimos são descobertos.

Desconforto!!!

Mas respirem fundo, o facto de estarem a ler este posto neste momento apenas significa que sobrevivi literalmente para contar a história... 
Mas fez-me pensar bastante nas medidas de segurança que os navios de cruzeiro a par dos portos de embarque poderão ter ou não ter contra situações tais. 

Abreijos encharcados mas, se tudo correr bem, livres de estática residual...

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Assistant Bartender

Yey!

Já tenho contrato efectivo como Assistant Bartender em vez de Step Up...

Boa o que é que isso quer dizer?! 

Significa que já não passo a Server outra x....  que agora só posso subir para Bartender... não espero que aconteça no próximo contrato ainda mas... é sempre uma festinha no Ego... ; ) 

Abreijos....

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Máfia




"Ivo, tem cuidado que aquilo lá dentro é uma máfia... "

É natural que com avisos destes entremos na indústria dos cruzeiros com um pé atrás  e a desconfiar de tudo e todos.... e com razão... ouvem-se histórias pouco agradáveis de manipulação alheia ou mesmo ofensas à integridade por ordem de inveja ou competição a bordo. Quem nos avisa zela por nós e no final do dia sabemos agradecer. 

Contudo, fui abençoado com uma experiência não tão marcante. Existe máfia sim, essa gerida por nacionalidades ou etnias maioritárias e/ou por departamentos cujo único poder que têm é o manuseamento  deprodutos mais desejados que obtidos pelos restantes tripulantes. Como qualquer espécie de máfia na história da humanidade, acrescente-se

Mas aqui as coisas são mais suaves... damos por nós a derretermo-nos por um pedaço de comida decente ou por um bolo com pepitas de chocolate. Por água que não seja da torneira ou um chá a meio da noite. E essa é a moeda de troca a bordo na grande maioria dos casos. Comida.

É deprimente num plano maior de coisas. Mas no presente e imediato é deslumbrante a felicidade que se pode gerar por trazermos a um amigo um hamburguer de frango escondido no bolso, meio amachucado (para que o volume não se faça denunciar), morno, ainda que a dúvida persista se é da chapa ou do calor humano. 

Ou o prazer de surpreender um grupo de amigos prontos com vinho tinto, que esperam impacientemente por quatro ou cinco bolos  e uns pedaços de queijo enfiados num par de luvas de borracha. Luvas essas que por vezes admitem ser transportadas em zonas menos apetitosas.

Acreditem, é uma festa, é celebrada e é o suficiente para virar um dia do avesso e fazê-lo bom no final de contas.

É assim que a minha experiência mafiosa se faz sentir a bordo. Uma constante troca de favores que é levada tão leve e curriqueiramente que faz sobressair o simples favor sem esperar nada em troca. Essa é uma prática pouco em voga neste navio... mas sabe pelo mundo quando acontece.

Para vos dar uma ideia, não sei do que era capaz neste momento por uma lata de atum. E sentirme-ia um Rei se tivesse em meu poder uma cabeça de alhos.... 

Abreijos, já não falta tudo! 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Tendinite


Boas!!!

Esta semana apresento-me com uma espécie de tendinite... não existe bema certesa porque para a haver têm que me mandar para casa com licença médica.... o que significa 0€ até voltar.... 

Not Good...

Por isso mantenho os meus quixumes e reclamações em low pass ( piada aeronáutica) para me manter aqui o restante mês e meio que me falra para terminar o contrato.... 

As boas notícias é que tive 24h de folga para descansar o pulso.... as más é que o meu Assistant Manager perguntou sepodia passar só a  noite de folga porque precisava de mim de manhã.... a resposta óbvia fez com que cumprisse apenas 15 dessas 24 horas off... 

Ainda ssism considero-me com sorte... um dos meus colegas há uma semana atrás teve uma apendicite e foi de helicóptero para o hospital directamente do navio... o Mickey não brinca em serviço...

Está agora em casa a gozar férias mais cedo.

Ossos do ofício, ou neste caso Tendões do Ofício... 


Abreijos

quarta-feira, 27 de março de 2013

Música Mestra



Nestes últimos tempos que vejo na música não só o que quero fazer da vida, mas tendo isso finalmente como meta ( ainda que longe), procuro aumentar o meu reportório musical. 

LARGAMENTE.

E por mais música que procure, gosto da sensação de que algumas das melhores músicas que alguma vez ouvi e provavelmente hei de ouvir, são produzidas em Portugal e, não tão raras excepções, em Português.

Esta é uma das minhas bandas favoritas que deixei para trás mas sem nunca lhes voltar as costas... 

Ainda recordo o concerto no Jardim da Estrela em que me apaixonei pela sua música sem saber ainda quem eram.... 

Merece... 

terça-feira, 19 de março de 2013

Update



Bem.... 


A pedido de muitas famílias ( uma vá), venho fazer um rápido update das últimas notícias... nada de muito importante... 

Creio ter entrado em velocidade de cruzeiro ( interessante trocadilho) no que diz respeito a altos e baixos emocionais e de moral... ou pelo menos a dimensão com que as coisas me atingem já não é a mesma que se sente nos primeiros tempos a bordo. 

Tenho um novo room mate ( 4º) que se vai mudar dentro de duas semanas creio, o que faz com que bata o recorde de room mates num contrato apenas... infelizmente não há dinheiro envolvido.

A velocidade de cruzeiro estende-se também ao trabalho e ao esforço para manter as coisas feitas a tempo e bem feitas... trato agora de combater a inércia  e batalho por manter a sede de melhorar.  

Voltei às minhas leituras, e, mais importante que tudo isso, tenho a minha menina ( guitarra) a arranjar no Texas o problema de amplificação que tem há coisa de dois anos ou 3. Já lá está à coisa de 4 dias mas o sujeito da loja pensava que o problema era na cabeça da guitarra e quando pegou apercebeu-se que ela estava boa... por isso não a arranjou. 

Hoje fui todo contente para ir buscar a guitarra e pufff. Está na mesma.... assim sendo vai cá ficar mais 4 dias e provavelmente não me vai custar nada. 

Ah... ontem tivémos outra Acoustic Winery a bordo... e o meu músico favorito a bordo, de nome Christo Guerrero, sabendo da minha paixão quase pouco saudável pelo génio musical do John Mayer fez questão de tocar uma das minhas músicas favoritas dele... Gravity. Mas ao Piano.... o que nunca pensei possível.... mas ele é virtuoso que baste para fazer essa magia acontecer.
Ora, sabendo que esse grande artista é talvez a minha maior influência musical não foi de modos e obrigou-me a ir ao palco para servir de vocalista à música... 

Chiça... ainda sonho com o momento. 

Não sei se foi bom ou mau... não me cabe a mim julgar nem tão pouco me importou.... o momento por si valeu por tudo e fez-me feliz por 5min e 33 segundos... 

É por momentos destes que estou a trabalhar no meu Set mais afincadamente do que alguma vez o fiz... pode ser que desta vez o leve a sério. Não quero ser bom a fazer música... quero ser feliz. 



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

"Roomie, Shagging?!"



Queria aproveitar este espaço para explicar a quem interesse a integridade do vosso amigo ou familiar quanto a uma publicação infeliz que surgiu no meu Facebook.
Não é que a publicação em si seja infeliz mas a interpretação da mesma é.

Tive por 6 cruzeiros um colega de cabine novo chamado Ivica ( Croata) que tem tanto de bêbedo e despropositado como de boa pessoa.
Inevitavelmente funcionei como  despertador dele nas últimas 3 semanas porque o sei estado era tão deplorável que não conseguia acordar com os alarmes que ainda assim tentava fazer funcionar.

E sempre que entrava na cabine nos primeiros dias em que se mudou, encontrava a porta trancada... motivo? Porque gosto muito da privacidade na minha leitura e porque tenho candeias acesas na cabine ( o que é expressamente proibido a bordo) e como tal não gosto de ser surpreendido por quem quer que seja, ainda que seja meu room mate.

Posto isto, sempre que eu destrancava a porta para o Ivica entrar, a pergunta surgia sempre.... "Roomie, Shagging?"  - única razão plausível no seu ponto de vista para que a porta estivesse trancada.

E isto sucedeu tantas vezes que tronou-se o nosso cumprimento.... ora. Eu adiciono este sujeito no Facebook para que nos mantenhamos em contacto.

Primeira frase que me endereça neste espaço ( demasiado) público:  "Roomie, shagging?"

Podem perceber a reacção em geral e a minha necessidade de me justificar....

Abreijos


Crew Bar



Nesta rotação como Assistant Bartender fui colocado no Crew Bar por dois cruzeiros, ou seja, 14 dias.

Por respeito às pessoas sensíveis que possam vir a ler este post, vou dizer "Chiça".

Dar de beber a 800/1000 funcionários diariamente, frustrados ou no engate ( ambos bebem imenso) depois de mais um dia de trabalho.... apenas com um assistente comigo... é obra. 

As grojetas compensam, mas sente-se no corpo. 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Starbucks!!

Luxo da semana: café Starbucks em Galveston, Texas! 

É a primeira vez que vos escrevo do Texas desde qye enttei no navio, o que é estranho porque é o porto de chamada deste navio... mas os dias de embarcação são tão agitados em trabalho que ainda não tinha tido tempo para vir aqui. 

Objectivo: free wifi!!!!  Temos a tendência a pensar que em solo Americano tudo é maior ( e é em norma)... porque é que a internet seria diferente? 

Pois.... secalhar porque todos os tripulantes com tempo livre pensaram no mesmo que eu ... tanto que estou sentado no chão neste momento porque não existe sequer uma cadeira livre.... e guess what? Não sou o único...

Queria deixar-vos com o resumo da minha primeira semana como Assistant Bartender. 

Muito Melhor! 

A pressão que tenho em cima é proporcional à minha sensação de melhoria, mas a moral que tenho para enfrentar o dia a dia é completamente diferente.

É giro porque estou agora a ensinar recém contratados os segredos do negócio quando estou nesta posição apenas à uma semana.... é este o ritmo que se vive a bordo. 

Mudei também hoje de Colega de quarto. Passei do Ivica ( Croata) para um Indiano cujo nome ainda não consigo escrever. 4º Room Mate! 

Estou também a dar umas aulas de guitarra a amigos e já dei uns quantos concertos em público ( crew members), o que me preenche a alma. Não creio que queira parar agora de o fazer... pode ser que surjam projectos se assim Ele o desejar.  Não que a qualidade da minha música me deixe satisfeito mas é suficiente para que os Músicos contratados a bordo me sugiram que toque nas noites temáticas... estou a negociar também uma composição com a Claudette... uma Texana de 50 anos que não faz mais nada da vida senão cantar ( maravilhosamente) e tocar violino.... artisticamente louca mas espectacular. 

E o que isso importa? 

Talvez nada no grande plano das coisas.... talvez tudo para mim e para o pequeno mundo em que vivo agora.

Abreijos, saudo-vos*






quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Magic Kingdom



Disney World 2nd Round!

Para quem já passou por aqui duas palavras bastam: Magic Kingdom e Space Mountain. = ) 

Para quem nunca teve esse prazer, desta vez tive o privilégio de visitar um dos imensos parques da Disney na Disney World, chamado Magic Kingdom, Onde figuram cenários como a praça da Bela e do Monstro, onde podemos ir acidentalmente contra um Gaston muito bem representado ( ainda que os músculos sejam de esponja), onde podemos ter conversas virtuais com o Flounder ( peixe melhor amigo da pequena sereia) ou andar numa montanha russa às escuras pelo meio do espaço cideral ( Space Mountain).  Foram apenas umas 5 horas para tentar aproveitar o que deverá ser vivido numa semana mas, valeu bastante a pena! 

E.... Vi o castelo da Disney!!!!
E não fiquei impressionado... pensei que fosse maior. 

Mas talvez isso seja porque vi o original Neuschweinstein quando estive de férias na mais próxima Germânia.... 
Obrigado Padrinho = ) 

Este é feito à imagem do segundo, mas pelo menos 5 vezes mais pequeno... Contudo tem fogo de artifício a cada hora certa e tem shows com os Characters, as Princesas, o Peter Pan e companhia limitada. 

Próxima vez, EPCOT! E a maravilhosa experiência NASA Take Off!!! =D 

Abreijos de quem está longe mas cada vez menos, 

Ivo

A change, for a change


Boas! 

Escrevo-vos hoje do ponto mais sul dos Estados Unidos, Key West. Casa de Hernest Hemingway ( e dos seus gatos) e aparentemente da música ao vivo, porque todo e qualquer estaminé, que por norma são bastante maiores que os nossos ( tendência Americana) tem alguém ou mesmo uma banda de música ao vivo. Podia viver aqui! 

Ainda que seja um local caro por natureza e impulsionado por turismo, não apresenta nada de muito especial além da música. Uma espécie de New Orleans mais clara e com mais estupefacientes em circulação. 

Tem contudo um aspecto muito relaxado e solarengo, onde os cabelos longos e os óculos de sol reinam. 

Entitulada a República das Conchas contém uma tradição marítima particularmente vasta ( para a escala Americana). 

Do vosso agente de turismo particular, 

Ivo ; ) 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Growing up



Duas promoções no saco...

Assistant Bartender a começar no próximo cruzeiro e responsável pelos Seminários/Tastings de Cognac e Whiskey...

Uma terceira a caminho.... pelas palavras do meu Assitant Manager, assim que ele voltar de férias ( coisa de dois a três meses), se as coisas estiverem a correr bem promove-me a Bartender.... ; ) Ordenado fixo imensa responsabilidade, mas fico com o Ego cheio. Se isto tudo for possível no meu primeiro contrato.... será quase um recorde no navio.

Em suma estou a safar-me e a tentar com unhas e dentes corresponder às expectativas que me estão a colocar nos ombros...

Amo-vos a todos e morro de saudades.
By the way.... alguém com família ou amigos chegados que vivam perto de Paris?

Abreijos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Em vias de promoções


A estudar das bebidas que menos gosto do mundo para ser promovido! 

Wiskey, Cognac e a ínfame Cerveja! Bah! 

Não me podiam por a fazer o tasting de vinho? = )

Talvez no final desta semana tenha mais notícias quanto aos mais recentes desenvolvimentos ; )

Abreijos a todos quantos se cuidam de vir aqui para cuidar de mim... 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Positive wave




Estimados amigos, família, pessoas que guardo no coração em geral. 

Estas ultimas duas semanas foram bastante diferente de todas as outras.... por estes lados não medimos as semanas por aglomerados de 8 dias, ao invés falamos de cruzeiros. Pois há-los de 4 a 8 dias ( por enquanto). Portanto, sempre que me referir a uma semana é por erro semântico, quero dizer cruzeiros. 

Estes últimos dois cruzeiros foram providos de possibilidades de subida a Assistant Bartender, o que não me ajuda nem para melhor nem para pior monetariamente mas é um alento extra para enfrentar o dia a dia... saber que após 2 meses de traballho ( exactos) me consideram na hipótese de subir uma posição. Mais, ontem surgiu uma conversa com o Assistant Manager para substituir o Rodolfo ( bartender português) enquanto ele for de férias e tomar as rédeas dos Tastings a bordo. 

A bordo e por cada cruzeiro são promovidos seminários, tastings. Existem vérios: Tequilla, Vinho, Wiskey, Cognac, Cerveja e está a ser criado agora o do chocolate. Por norma é apenas uma pessoa de toda a equipa que administra os tastings... E neste momento é o Rodolfo. Ontem o Rodolfo recebeu instruções para me treinar para a possibilidade de eu assumir essa responsabilidade na sua ausência... Gosto! Relembro que a equipa não é pequena, com cerca de 30 pax, alguns deles na companhia há 8 anos... É uma responsabilidade grande e vai requerer bastante estudo, mas gosto da ideia, mesmo que não passe disso mesmo, de uma ideia.

Fiz também nestes últimos dois cruzeiros a minha primeira actuação a sério em público desconhecido... Tivemos uma Jam Night no Crew Bar e foi divertidíssimo tocar uma música com o Jeffrey ( sangue português)... Confesso que nenhum dos dois conseguiu enfrentar as quase 300 pessoas presentes totalmente sóbrios, mas foi divertidíssimo. 4 Dias depois actuei no Crew lounge para duas ou três músicas em formato mais intimista. Muni-me do meu amigo John Mayer e foi um sucesso aparente... mesmo que não o tenha sido, para mim foi uma conquista. Foi um passo para fora dos acordes amontoados em barda nos meus quartos dos últimos anos.

E ajuda a enfrentar o esse senhor assustador e desmoralizante, o Quotidiano.

P.S-> Podem ver a actuação do crew bar no meu facebook = ) 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Distracção


Lembrei-me de algo que me esqueci de vos dizer ou mostrar... serve para alivio do peso do último post... 

Há cerca de 2 semanas tivémos um acontecimento que nunca me tinha ocorrido presenciar... muito menos com entusiasmo com que o presenciei... 

Só pensei que provavelmente deveria estar ligeiramente assustado depois de passar! Passo a descrever: 


É um pequeno tornado na água ; )

Tides




Amigos, Família: 

Peço desculpas em avanço pela ausência das minhas palavras... tenho feito um esforço consciente para vos apaziguar as preocupações com apenas as boas notícias e factos curiosos da minha divergência cultural em contacto com este povo estranho e variado.

Mas nem tudo são rosas.... na verdade as rosas representam cerca de 15% da minha actividade. Estou preocupado porque não estou a fazer o dinheiro que esperava fazer.... com os pagamentos que recebi até agora, mais valia estar perto de vocês... a única diferença é que não tenho despesas básicas a bordo...

Todos os departamentos que ganham à comissão estão em constante clamor pela nossa mudança de portos-base. Ao que parece, dois meses antes de me juntar à equipa partíamos de Port Canaveral - Orlando e as coisas corriam bem... neste momento partimos de Galveston Texas e os paychecks estão em 60% do que costumavam ser... podem presumir que o quadro me foi pintado com os padrões típicos de Orlando e não do Texas...  Mesmo para a minha tentativa de vir a bordo sem expectativas não nos iludamos... vim para fazer dinheiro...

Essas são algumas das más notícias... 

Em treino fazem-nos ver um gráfico, preenchido por parábolas crescentes e decrescentes. Pequenas ondas positivas e negativas que se vão suavizando com o tempo até estarem próximas do zero. Representamos assim os nossos estados de humor a bordo, oscilantes entre o entusiasmo e o desespero. Tudo a bordo ganha uma amplitude estranha... um abraço de um amigo pode ser o momento alto do dia, e uma má notícia ganha proporções suficientemente grandes para nos singir ao isolamento deprimente na nossa cabine com três metros quadrados. Não sejamos injustos, quatro vá... 

Estou na onda decrescente. As saudades que sinto e o barulho no corredor dizem-me que ainda não vejo a curva a subir.

Abreijos