quinta-feira, 9 de outubro de 2014

End of Shift




Half-way through to Gaspé. As we’re getting close to the 70º degree  West of Longitude,  tonight we go back one hour.  One more hour...

I’ve got planned a good glass of Cabernet Sauvignon: Columbia Valley, 2008 vintage. Henry Miller for a  company and one more hour... one more precious hour.

Only a couple more things to do on the office and the night is mine. My own.

Tonight I concede to the luxury of using the elevator for what in any other night would be a quick run up the staircase. 

Only two floors, but why not? I’ve got one more hour... 

Ding!

Three steps in. Don’t even bother to press the usual closing doors button.

Ding!

Slowly direct myself to the door that separates the white and otherwise naked crew area, from the light shaded brown, carpeted and cozy  guest area.  I have a special appreciation for this door.  It leads to one of my favorite paintings in the whole ship. Severely under noticed and misplaced. All the more reasons to love it.

As I pull down the handle to open the door, I notice that the band Is still playing in the Club. I can hear the muffled sounds of the base. The new Base player is good. A little cocky, but good.
I open the door. Head down. Noticing the change in patterns of the carpet as the areas go...
But.. the last time I was here there was not a pair of legs on the floor. Or the body attached to them. 

Or that much blood.

Oh my....

Although conscious, the gentleman on the floor seemed a little numb. He was fighting hard to keep his head off the floor, out of dignity I would assume. His blood had something different in mind though. Hard not to remember the sound of his breaths. Like trying to breathe under water. The sound of an insisting straw at the bottom of a finished drink.

What followed was the established procedure for such an occasion: 
Phone,
Code Alpha, 
Nurse, 
Wheel Chair, 
Medical Center.

And what has previously been planned as a relaxing quality time with Mr. Miller and the Tropic of Capricorn, turned to be a Medical Escort till 02:45am with Mr. J.

Interesting how a square foot of marble can break your nose, five teeth and put a dozen stitches on your upper lip.

And break your pride to pieces.


Now Mr. J, please stop talking... we’re trying to stick a needle up your lip.


domingo, 5 de outubro de 2014

Why Not?


Só porque sim, e porque.... sim.




Afinal quem é que manda no blog?
Abreijos

Monsters, The Play.


Não lhe direi o nome nem a ideia original. O mundo não é de confiança no que diz respeito a direitos de autor. 

Deixo apenas no ar que existe uma peça a ser escrita. 
Uma peça a ser composta. 

Tive o prazer de conhecer ambos criadores e de inspirar o nome à personagem principal... pormenores em privado, quando convosco estiver ; ) 

Um companheiro de escrita do outro lado do Atlântico e que, em correndo bem, será um crítico no que diz respeito à minha escrita de hora em diante. Assim que a começar a traduzir. 

Falta tempo. Mas também esse virá!

Peça que ao que parece tem contrato para filme já... oh sorte e privilégio!

Brevemente numa bilheteira perto de si.

Abreijos

Endurance

Querido Mundo. 

Tenho tanto para te contar.  Tão pouco tempo, tão pouca internet. 

Emagrecem-me os braços com o excesso de trabalho, evapora-se o espírito criativo nas tempestades diárias. 

Queima-se pele, cheira-se a café. Muita pele.

Há 5 dias estaria em casa. Não é um erro gramatical. A data original de reconcílio estava marcada para o 1º deste mês... foi-me pedido que estendesse a minha estadia por estes mares. Proposta que sabiam de antemão que ia aceitar. Não me posso dar ao luxo de colocar vontades à frente de necessidades. Ainda que essa vontade seja de estarmos juntos. 

Tenho à parte apontamentos. Imensos e vastos, em bruto. Tudo o que vos quero contar. Todas as pequenas Graças que me surgem em todos os "ontem" e que me iluminam os dias. 

Olha para trás, leio de novo. Descarto. Apercebo-me de que alguns desses momentos falham em interesse e transparecem apenas que o pano de fundo é baço. De outra forma momentos desses não brilhariam nos meus dias.  

Salvo abrigo na guitarra e na música que por mim passa. Salvo abrigo no exercício que me vou forçando a fazer e nos períodos de sono diários que divido em terços. O horário assim me obriga. 

Vivo e com a meta à vista, 

Vosso, 
Abreijos

sábado, 20 de setembro de 2014

Dia Mundial da Paz


Gostaria de informar de antemão que o texto que se segue não é da minha autoria. Copio-o com orgulho e vontade de comparecer, na certeza de que encontrará alguns interessados por entre os olhos curiosos que por aqui passam. 

Autoria Prof. Paulo Borges em: http://pauloaeborges.blogspot.com/


Sentar em Paz no Dia Mundial da Paz, Rossio, Lisboa, 14.30-15.30


No dia 21 de Setembro, Dia Mundial da Paz, vamos sentar-nos em Paz e Silêncio, reflexivo ou meditativo, das 14.30 às 15.30, na Praça do Rossio, em Lisboa, em comunhão com iniciativas semelhantes em todo o mundo. 

Estando em paz, há Paz. Sentindo que somos a Terra, a Terra está protegida. Sentindo que somos todos os seres, todos os seres estão protegidos. Sentindo que somos a Vida, a Vida está protegida. 

Sentemo-nos em Paz e Silêncio, dissolvendo a ficção da separação entre nós, os outros e o mundo. Mudemos a civilização. Criemos um Mundo Novo, fundado numa Consciência Nova.

No mesmo local tem lugar, às 16h, a Marcha contra as alterações climáticas - Salvem o Planeta. Levantemo-nos e, sempre em paz, participemos também nesta iniciativa igualmente mundial.

Círculo do Entre-Ser (associação filosófica e ética) 



quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Challenge Accepted...



Eu até ponderaria não subir... se não tivessem posto o sinal...





segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Adivinhem quem é Barista agora?






"Barista é o profissional especializado em cafés de alta qualidade (cafés especiais). Também trabalha criando novas bebidas baseadas em café, utilizando-se de licorescremesbebidas alcoólicas, entre outros.Deve ser profundo conhecedor de todas as fases da vida do café, desde o cultivo da planta, etapas de processamento e beneficiamento do grão, processos de torra e moagem, além, é claro, dos detalhes processos de extração da bebida, seja em máquinas de expresso ou em outros métodos de preparo."

Se estou feliz ou não com a promoção... explico depois...

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Mr. Keith



Conheci-o no início do cruzeiro, há coisa de dois dias. Ou noites neste caso. 

Deixou claro que tinha uma carência de atenção. Lacuna que preencheria com Vodka Rocks desse minuto em diante. Pouco expansivo ou sequer conversador, sempre se apresentou simpático. De sorriso pronto e o primeiro, note-se, a estender a mão já torta, tal peso têm as lições de vida.

Retribuí o aperto. "Com firmeza, há quem julgue assim o carácter de uma pessoa" diriam os meus avôs se por cá os conseguisse ouvir.

Hoje dei por ele, sozinho como de costume até agora, a sorrir e acenar descompassadamente. Ou seria a banda que não acompanhava o batuque grisalho da primeira fila?

 - "Posso trazer-lhe alguma coisa para beber Mr Keith?"

A pergunta saiu-me mais automática do que deveria, tendo em atenção o caso. Defeito profissional, chamemos-lhe assim. 
O arrependimento veio quando dirigiu o seu vidrado olhar na minha direcção. E me alcançou a nuca. O tipo de velocidade que não assusta, mas não é lento que baste para fugir.

 - "Queres ser meu amigo?"

Ignorei o alarme que soava na minha cabeça e tentei reagir o mais simpaticamente que me foi possível...

 - " Mr Keith, claro que somos amigos..."

A resposta que precisava de ouvir... resultou como que um gatilho para que o seu braço tentasse encurtar a distância que nos separava. Tentei mais uma vez não perceber a intenção por de tras desta investida. Mantive-me firme. Mas era impossível negar que a proximidade física seria no mínimo constrangedora. 

Contraponho-me  ao que penso não ter sido a sua total força.

Dada a nossa proximidade e o terreno que ganhou com a investida, resolvi transformar a situação num abraço. Duas palmadinhas nas costas e tento-me afastar de novo ainda com a nuca como refém. 

 - " Queres ser meu amigo?" - Pergunta de novo.

 - "Mas já somos amigos Mr Keith..."

 - " Queres vir ao meu quarto?"

Raios com as minhas tentativas de ver o mundo são. Merda com a visão de ternura estereotipada que tenho para com o sujeito que está à minha frente, com idade para ser meu avô. Lixo com a inocência que tento ver no fundo de cada situação. 

Resolvi-me educadamente e não lhe disferi uma palavra mais que fosse. 

Depois de ter dormido durante dois set lists da banda e do guitarrista a bordo, decidiu tentar levantar-se. 

Decisão perfeita. Execução desastrosa. 

Um Manager e uma cadeira de rodas depois, estou curioso para saber se aparecerá amanhã. 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Lego Houses


Uma vez ultrapassados os 64 graus Norte de latitude, existe um pormenor comum a todos os países que tenho visitado: 



Contrariamente ao que se possa pensar a diversidade de cores não se deve a nenhuma tentativa de tornar as vilas portuárias de alguma forma mais atractivas turisticamente.

Acima desta latitude vive uma escassa fatia da nossa população. Ainda que em pequenos aglomerados, a necessidade de cobrir grandes espaços obriga a que estes surtos populacionais sejam relativamente pequenos.  O que por sua vez torna as comunidades delicadas e de equilíbrio ténue. Mas essencial.

De ter em conta que uma grande percentagem dos habitantes não são locais. Destacados de vários cantos do mundo, são cientistas, engenheiros climatologistas polares, empregados em empresas de mercadoria e técnicos navais, entre outros. 

Um cenário que pouco os une e nada ajuda ao factor principal: seis meses por ano não se vê o sol mais que um par de horas a cada 24.

É obrigatório assim que as casas sejam coloridas. Uma influência psicológica motivadora para o enfrentar do dia a dia. Uma pseudo-felicidade embutida pelos olhos a dentro. Mas que aparentemente funciona. 

Em conjunto com leis de restrição alcoólica, um escape comum a situações depressivas ou de pressão social.

domingo, 31 de agosto de 2014

Dublin


Caros Leitores: Obrigado aos três. 

Planeei este texto uma dúzia de vezes. 
Preocupa-me a imagem que têm de mim e a vossa assiduidade neste blog. 

Por esse motivo não vos quero descrever a minha estadia em Dublin. Posso adjectivá-la como divertida e nefasta. 

Salva-se um momento no entanto, que para além da realização de um sonho conturbado, foi o meu momento alto da noite. 

Agradecimentos ao Sr Alcool, ao Josh na voz, e ao Juan Carlos, que tinha conhecido há 30 segundos e que foi simpático o suficiente para abdicar do seu lugar nas ruas de Dublin, da sua guitarra desafinada e com 5 cordas apenas para que esta pérola se tenha criado.


Thanks Josh

domingo, 24 de agosto de 2014

Paamiut e Iulissat - Cancelados.


Os dias a bordo de qualquer cruzeiro são divididos em duas categorias: Sea days e Port days. 

Os segundos apresentam-se naturalmente mais descontraídos. Não apenas pela possibilidade de sair um pouco e visitar algo que não tenhamos visto antes, mas também, na eventualidade de sermos obrigados a ficar a bordo, por o trabalho ser forçosamente menos pesado. Existem menos passageiros para servir. As tarefas recaem mais em serviços de backstage, limpezas, inventários, polimentos etc. 

É por isso naturalmente frustrante quando um porto é cancelado, como foi o caso dos dois últimos: Paamiut e Iulissat. Sendo que estes eram antecedidos e espaçados de um Sea day, significa que temos 4 sea days seguidos, o que nos deixa a todos insatisfeitos. 

É visível uma alterção em ambas as partes: passageiros e tripulação. OS passageiros notam-se mais exigentes e picuínhas ( não encontro expressão melhor), alguns embebedam-se mais que o costume, alguns tornam-se simplesmente maçadores como que por vontade de aliviar o seu aborrecimento por osmose. 

Na tripulação os tons da aguarela mudam um pouco. A diferença deste lado nota-se pela impaciência geral, stress, resmunguice e em caso último na explosão de uma ou outra discussão que com tantos factores pode tomar proporções indesejadas. 

A idade média da tripulação é um factor também a ponderar. A companhia alimenta-se de tripulação por norma jovem e mais perita em obedecer a ordens de forma rápida, do que a pensar realmente no que faz. Alguns de nós estavam mesmo escondidos atrás de um calhau quando Deus nosso senhor distribuíu a paciência ao mundo.



Eu tive a sorte de estar nas primeiras filas. 

Abreijos. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ikerssuaq







O estreito de Ikerssuaq separa a Gronelândia continental de Sagmissoq ( a ilha do Príncipe Christian). Conecta o Mar Labrador com o mar Irmingher, mede cerca de 100km e chega a não ter mais de 500m de largura. Existe apenas um pópulo de povoação ao longo do estreito, Aappilattoq. Quase invisível de tão pequeno.

Nos passos dos Vikings de há mais de mil anos, transitam navios por este pedaço de mar, não mais que 3 meses por ano. Altura única e aproximada em que é metereologicamente possível atravessar. Evitam-se nessa janela de tempo as correntes ínfames e características dos cabos sul da Gronelândia.  

Queria acrescentar-vos também que na minha pesquisa por informação tentei encontrar-vos no google uma fotografia característica... mas a que tirei com o meu telemóvel, que vêm acima, continua a ser a melhor das poucas que vi. É um caminho gracejado por aves curiosas e icebergs, os segundos em maior proporção. 


Fortuna nórdica, mas de passagem. 

Abreijos

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Iceland - Blue Lagoon



Dizem as estatísticas que o povo Islandês é o mais feliz com a vida que leva. Se este estudo tivesse ocorrido em Portugal, diria facilmente que se devia provavelmente ao clima, proximidade da natureza, no seu auge campestre e marítimo, dieta mediterrânica, gente bonita. 


Por estas latitudes, devem misturar qualquer coisa na água canalizada... 

À parte do esforço insular que possa existir, eventualmente o fumentar de um espírito comunitário, não vejo razão aparente para que a estatística se confirme. Saio daqui com uma noção geral de que decidimos ocupar este calhau vulcânico cedo demais. Nada, mas absolutamente nada aqui é fonte de vida. À excepção de fontes termais, tudo quanto se avista é rocha vulcânica. E a única fonte de verde é o musgo que a cobre. 

As fontes termais são tornadas em atracções turísticas e spa's, sendo que a mais conhecida é a Lagoa Azul - Blue Lagoon.

Nas fotos que vos deixo, nada foi alterado na coloração. A cor da água deve-se ao alto teor em sílica, que publicitam ser bom para a pele ( nem poderiam fazer de outra forma). 

Fica também uma informação retirada de um guia turístico que encontrei na porta do táxi. Segundo esse pequeno ( e antigo) livrete, a Lagoa Azul consta das 25 maravilhas naturais do mundo, segundo a revista National Geographic.





Ainda assim não percebo por que raio serão felizes a esse ponto...

Abreijos

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

I AM STERDAM



  • Amiga em Asterdam; 
  • 20 minutos a pé do navio; 
  • O Google safou-me; 
  • Central Station; 
  • Spuistraat, 41;
  • Senhoras despidas em janelas de fundo vermelho; 
  • Vinho Portugês; 
  • Brownies da Maks and Spencers; 
  • Blue Moon Bar; 
  • Encontrar dinheiro no chão; 
  • Encontrar crew members por acaso; 
  • Rembrandt Square; 
  • De Kroon fechado; 
  • Nem morto entro no nasty club; 
  • Alternativas; 
  • Jazz Bar Underground; 
  • Era feliz a trabalhar aqui; 
  • Hamburguers rascos; 
  • Encontrar dinheiro no chão; 
  • Volta pelos canais; 
  • Visita à primeira bicicleta da Bruna que continua no mesmo sítio onde foi abandonada há meses. 
  • Dormida fora do navio em batalhas constantes com a gata da Bruna; 
  • Alergia; 
  • A melhor Overnight de sempre; 
  • Não paguei um copo; 
  • Drugs Free!!!









Achei que tinha sido uma noite demasiado longa para conseguir descrever todos os pormenores aos quais achei piada. Sei que podia viver aqui e que me vou com vontade de voltar. 

Obrigado Bruna, 
Abreijos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Até Depois e Monte Velho


Foi na porta de embarque que consegui fazer a conexão. Existem duas características que ligam os Portugueses aos habitantes da Dinamarca. A paixão pelo sol e a incompatibilidade renitente à paciência. 

O voo espera-se cheio. Sobrelotado até, se nos dermos ao trabalho de contar cabeças. Atrasado também. Coisa de 15 minutos. Nada que uma ligeira correcção do regime de potência não recupere num vôo de 3:15h.

O reclame ainda não tinha sido feito em inglês e já todos se ocupavam por encavalitar uma desajeitada fila, pouco ou nada ordeira de massa humana. 

Desnecessário dizer que os apontamentos na mensagem que se referiam aos passageiros prestigoe/gold/corporate e o posterior embarque por filas, se tornaram perfeitamente inúteis. 

Estou sentado no chão, onde estava há 20 minutos atrás, altura em que soava a mensagem. Continuo a pensar que não há nada inteligente em esperar numa fila, todo esse tempo, de pé, pela nossa vez de picar bilhete. Não quando o lugar está garantido, pago e marcado...

Por enquanto vou-me distraíndo dos olhares incompreensivos que caem sobre mim. Penso que volto em 2 meses, no quão intensos e surreais foram as últimas duas noites e no Monte Velho que a Tap ainda se presta a servir a bordo. 

Um até depois apropriado... 
Abreijos

Aos Meus



Serve esta publicação para vos pedir desculpa. 

Por hora desta leitura alguns de vós já sabem da minha passagem breve por Portugal. Lamento não ter estado convosco. 

Não aconteceu por falta de vontade ou por prioridades na distribuição da minha atenção ou Amor. 

A minha passagem foi meramente obrigatória e de carácter urgente. Daí, relacionei-me com quem tinha, por um ou outro motivo, de estar. E maioritariamente pela conveniência que o assunto requeria.

Voltarei em breve. Espero que por mais tempo, por motivos menos dispendiosos e à falta de um eufemismo melhor, ridículos. 

Muito vosso, 
Abreijos

sábado, 26 de julho de 2014

Troll Fjord




O navio onde me encontro embarcado tem 6 bares, 4 restaurantes, piscina, 5 jacuzzis, um putt com 8 buracos e uma zona de swing. ( Golf entenda-se).

No entanto, a atracção principal, especialmente em cruzeiros tão cénicos quanto este, é o observation bar. 

Trata-se de um bar no 10º deck, parcialmente coberto a vidro e estrategicamente colocado na proa. 

Alberga eventos como o tea time e o cocktail hour, especialidades pré-jantar, todas com a mesma atracção. 180º de vista sobre os fjordes Noruegueses, uma dezena ou duas de graus a mais na varanda exterior.

Oferece um tipo e qualidade de serviço difíceis de atingir noutros bares. Tanto pela exigência do bartender como pela disposição circular da sala. 

Tudo isto perdeu significância em Troll Fjord.

Troll Fjord é um beco. Sem tirar nem pôr. É uma das extremidades do Fjord original e não oferece saída ou escapatória. Ainda assim conseguiu concentrar quase a totalidade dos passageiros neste pequeno e (antes) sossegado bar. 

O poder deste ponto no mapa é ser, possivelmente, o beco mais bonito do mundo. 

Bonito ao ponto de não vo-lo querer descrever. Há uma semana e meia que tento encontrar palavras, sem sucesso. Merece por tudo neste munto ser mencionado, mas qualquer descrição seria desonrosa. 

Só é possível entrar e consequentemente inverter marcha em Troll Fjord atravessando um estreito que não faz senão justiça ao nome. Quando digo estreito, digo que havia rocha visível acima da linha de água, a 10 metros de cada lado da quilha do navio. Somos o maior navio do mundo a ter o privilégio de atravessar o estreito.

Apertado o suficiente para uma explosão de aplausos ao comandante.

Único o suficiente para que todos tenhamos parado de trabalhar para apreciar o momento. 

Bonito o suficiente para que tenha vertido uma lágrima. 





Muito vosso, 
Abreijos.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Flam - Fjords Noruegueses



É a paisagem mais cénica que alguma vez concebi. Talvez um pouco mais ainda. Tudo é íngreme, tudo é fresco, tudo é puro, azul profundo ou salpicado de branco. 

Há inspiração onde quer que se olhe. Nos recortes a gelo nas massas de rocha circundante, no isolamento e calma a que a paisagem obriga aos locais.

Gente simples e de olhar realizado. O tipo de olhar que a falta de pressa nos trás.

Não me tem sido possível pisar todos os portos. Ou nenhum à excepção do inicial , Flam. É de notar que deveriam existir dois pontinhos acima do A em Flam... mas não os sei lá pôr. 

Flam destaca-se pelo isolamento mosntruoso de que sofre. É cristalino e de encostas íngremes, cortadas apenas por caminhos pedestres.  A vila é servida de uma linha férrea que serve de atracção turística principal. Além disso só trilhos para caminhar/escalar. Informação desnecessária uma vez que se note a massividade das pernas de quem cá vive. A ausência de terreno plano faz-se notar. 

Flam destaca-se também por ser um exemplo de equilíbrio entre a exploração não excessiva do homem, num terreno virgem e aparentemente imaculado.

E sinto por estar aqui que estamos a esbardalhar por completo a balança. 

Aparentemente não sou o único. 

Aproveito para lamentar a qualidade das fotografias mas têm sido tiradas com o meu telemóvel emprestadado. A única fonte de imagem possível. 

P.S -> De notar que na 6ª fotografia estão colocados no cume do monte cubos brancos. Cada um com cerca de 2m de largo. Cada um uma letra... e na impossibilidade de fazer zoom, traduzo: NO BIG SHIPS









segunda-feira, 14 de julho de 2014

Graduation Day!!!


Ora então diz-se que acabei a academia ontem. 

Fui chamado ao escritório da formadora, onde já estava à minha espera a Beverage Manager, Daniela. 

Esta pessoa consegue ser um contraste ineteressante de gentileza e simpatia com uma capacidade técnica e teórica impresionantes. Consta que foi a primeira mulher na Seabourn a chegar ao cargo que agora ocupa. E não corre o mínimo rumor de não ter sido merecido. No alto do seu metro e noventa germânico, desalinha o cabelo artisticamente e uma forma tudo menos corporate. Dá-lhe um ar se Shane da série L Word. Partilha também da mesma orientação.

Esta reunião tinha vários pontos a abordar:

1. Se passaria ou não na Academia. Verdade seja proclamada, não contava com outra coisa. Aos que me conhecem, estranhariam que colocasse sequer como hipótese toda e qualquer alternativa a passar. 

2. Em passando, onde começaria a exercer, sendo que a companhia tem 5 navios activos. 

3. A avaliação final. Pontos bons e a melhorar. 


Começam-se com as perguntas costumeiras " como achas que te saíste no teste final?", " qual achas que foi a tua avaliação?" " Que pontos achas que tens que melhorar mais?". Nada que fuja aos parâmetros de uma entrevista de trabalho minimamente decente. 

Passei o turno à minha chefe. Foram os 10 dos minutos mais orgulhosos e inchados que tive na minha vida profissional até agora. 

Nâo vou acrescentar pormenores, odeio ser arrogante por escrito.  Mas passei e fico no mesmo navio, tal como queria. 

Segue-se uma pequena cerimónia com o Capitão, dois canapés e um copo de champagne.




Há vidas piores. ; ) 

Abreijos

domingo, 13 de julho de 2014

Tallin - Estónia


Este vai ser um texto curto.  A visita foi de médico. 

Ou se agiota neste caso, uma vez que foi para enviar dinheiro urgente para minha conta em Portugal.

Uma hora e meia de correia deu para descobrir uma paisagem geral verde, de arquitectura diversa e difusa, sem linha de conduta aparente. Excepto o laço comum de edifícios baixos. 

Remata-se uma mercado de artesanato caricato mas caracteristicamente colocado no porto para acesso turístico. 

Bons ímans.

Abreijos

terça-feira, 8 de julho de 2014

Bart The Nicest Guy


Apresento-vos o Bart. 



E peço desculpa pela foto.  Ele estava um pouco excitado com o jogo da Holanda ( país que o viu nascer) com a Costa Rica. 

Sei que é difícil de identificar mas distingue-se a léguas a simpatia que ele transpira. O estilo de pessoa que consegue ser acordado às 5 da manhã com a festa na cabine do lado, e ainda pedir desculpa. 

Não é um exemplo prático. 

 Aparte da formadora, foi a pessoa que melhor nos recebeu a bordo. O único a "chegar-se à frente", a estender-nos a mão e apresentar-se. A cumprir-se, a ser o que não consegue ser senão..... simpático. 

Foi reconhecido no cruzeiro passado no navio inteiro por ter providenciado um momento especial a uma família que não lhe era nada. Que tinha apenas em comum o local geográfico. Um qualquer porto e um desejo especial que o Bart concretizou. E que não contou a ninguém. 

E como boa e pura alma que tem, é um excelente alvo para tudo o que este mundo possa ter de cruel. 

Parou em St. Petersburg para conhecer a cidade. Apanhou um taxi e em menos de nada estava na vila de nenhures. 

Duas opções: 

- Sair ali e nunca dar com o navio; 
- Dar todo o dinheiro que tinha e ainda assim não ter garantia alguma ( senão a palavra do taxista) de que voltaria são e salvo ao navio. 

Felizmente para todos nós, o taxista foi honesto o suficiente ( conceito antagónico eu sei) para cumprir a sua parte do acordo.

O Bart já não gosta da Rússia.

"Mother Russia"


Faz parte do nosso itinerário e é considerado o Porto principal dos últimos 4 cruzeiros. São Petersburgo é uma cidade grande, salpicada de gruas e das abóbadas douradas das igrejas Ortodoxas. Tudo em fundo cinzento ou vermelho tijolo, claramente fabril e industrial. 

Nos guias que recebemos a bordo somos avisados repetidamente contra roubos e muitos de nós não somos sequer autorizados a pisar chão Russo. Nas nacionalidades excluídas está quase toda a União Europeia, sem esquecer um par de aliados. 

O tempo aqui parece não correr da mesma forma. E não se deve ao facto do sol só se pôr 2  ou 3 horas por dia. Tudo cheira a calma em demasia. Como se alguma coisa estivesse a ser preparada em segredo. E por mais que tente não consigo sacudir essa sensação. Não depois de ver horas e horas de milhas náuticas percorridas onde a única coisa possível de se avistar é produção, produção e destruição. Quilómetros de ferro desfeito e seleccionado, desmantelamentos de submarinos, navios de guerra e mercantis, de certo multiplicando em peso por 100 o poder de fogo da nossa singela armada Portuguesa. E ainda assim, isto é o que deixam que nós, navios turísticos vejamos. 

Convém que se recorde que há pouco tempo foi pedido/ordenado pelo governo de Putin que todos os Judeus se devem registar como tal. Soa familiar?

Na verdade algumas medidas extremistas têm sido postas em prática. Passo a citar (traduzido) o guia de porto distrubuído aos clientes e tripulantes: 

"A Rússia aprovou recentemente uma lei proibindo determinados tipos de comportamento incluindo o hasteamento de bandeias com as cores do arco-íris, procissões de orgulho gay e demonstrações conspícuas ou suspeitas de afecto pelo mesmo sexo. Possíveis punições incluem tempo de cadeia e/ou exclusão do país."

Este panorama é agravado por um pormenor importante. No primeiro dia em que chegámos à cidade foi encontrado um cadáver a flutuar junto ao navio. Deixa assim uma aura pouco motivante à saída, mesmo para quem pode. 

Não tenho pressa. 

Tenho-vos comigo e por enquanto não preciso de mais nada = ) 

Abreijos Russos. 

domingo, 29 de junho de 2014

Seabourn Academy

Meus amores, 

Tenho algumas aventuras para vos contar mas estou a guardar-lhes a essência para que se lhes possa fazer alguma justiça literária. Existem pelo menos uma ou duas que valem a pena.

Deixo o posto de hoje reservado à Academia. Para quem não sabe, não fui contratado para começar a trabalhar de forma imediata. A forma mais rápida de me colocar a bordo da empresa que já me tinha aceite foi eu próprio, aceitar entrar num programa de treino e ambientação chamado de Seabourn Academy. Não havia motivo sério para recusar ou para me fazer de esquisito, é pago na mesma. E ajuda-me a ambientar. 

Como qualquer academia ou período de formação tem alunos, aulas, secas descomunais e avaliações. Essas sim, relevantes do dia em que são feitas em diante. 

Passada a primeira semana, fizemos dois testes escritos e fomos postos à prova em quase todas as áreas de trabalho possíveis. Recolhidas as opiniões de quem nos supervisiona ( Bartenders, Head Bartender; Soummelier e Beverage Manager) tivemos o resultado do primeiro terço de formação. 

Balanço positivo. 

Os Lusitanos da formação tiveram as melhores notas ( 30/30 e 27,5/30) nos dois testes e no que me diz respeito foi bastante bem avaliado pelos meus superiores. Têm soado alguns rumores de expectativas altas a meu respeito... o que me assusta particularmente. Enaltece-me o Ego na mesma medida que me polvilha de medo de não corresponder às mesmas. It's up to me though... Aliás, tem corrido tão bem que nos últimos dois dias a Soumellier do navio me tinha a trabalhar debaixo da sua alçada e não sabia que eu estava em período de treino. Berrou comigo ontem e hoje, sem motivo acrescente-se, e só no final do turno é que lhe caiu a ficha. Logo de seguida pediu-me desculpa e ordenou-me terminar o turno ( o qual já tinha excedido por uma hora). Ser tratado como os outros foi uma pequena vitória no segundo dia em que trabalho efectivamente. 

Em suma estou bem e tenho pensado em todos vós. Não tenho recolhido ímans e brindes pedidos por alguns porque ainda não me dei ao luxo de sair do navio. Questões burocráticas/horárias não têm ajudado. 

Abreijos

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Ready Set Go!


"se o dia de hoje foi assim, estou curioso pelo amanhã"


Esta foi a frase com que terminei o meu último post - um dia aprendo a ficar de boca ( ou caneta) calada.

De acordo com os mails que vimos e revisitámos, o check out do Blue Radisson Hotel em Arlanda, Estocolmo estava programado para o meio dia, 12:00h

 - Não achas estranho? Na Disney embarcávamos cedíssimo... 
 - Deixa estar, assim posso ir à sauna de manhã!
 - Vais meter alarme para que horas? 
 - 09:00h?
 - 09:15h!
 - Ok! Até amanhã!
 - A televisão incomoda-te? 
 - A luz não, mas se puderes tirar o som ou pôr baixinho... 
 - Done! Até manhã!
 - Até amanhã. 

 - - - - - - Pausa para silêncio - - - - - - 

RRRRRRRRIIIIIIIINGGGGGGGGGG

 - Hello? 
 - Hi! This is the reception speaking... yout pick up is here! 

- OUR WHAT?! What time is it???

 - 08:30am Sir...
 - But...... the mail said.... never mind... could you please tell the pick up to wait 15 minutes?
 - Eeeerrrr...
 - Thanks! - DING 

Tenho quase a certeza que estabelecemos um novo recorde em tempo. 

º Acordar -  Check 
º Vestir -  Check
º Desfazer a barba -  Check
º Re-fazer a mala -  Check
º Reclamar do maldito email -  Check
º Praguejar -  Check

Tudo isto em  12 minutos.

º Desfazermo-nos em desculpas ao Sr de fato preto e engravatado que esperava por nós na recepção - Check
º Apercebermo-nos que afinal é só o taxista....


Check

sábado, 21 de junho de 2014

Kyssar från Sverige




Passa pouco da meia noite e não está escuro lá fora. A minha viagem para a Suécia veio acompanhada de uma torrente de bênçãos, uma delas é um pôr de sol que dura algumas horas a mais. 


É com este cenário que vos escrevo pela primeira vez, nesta segunda demanda de viagens desmedidas e em Deus querendo, bem mais tresloucada que a primeira. 

Convenhamos, o Mickey já não está por perto.... 

Estou cansado, mas com a sensação de que estou no sítio certo. Vinha com ideias de compensar um par de horas de sono durante o voo mas não foi possível. Deparei-me com um colega Português da Disney que vai embarcar comigo. 

Um T0 este mundo...

Partilhamos agora um quarto de Hotel em Arlanda e o sentimento de companheirismo que nos é tão característico fora-fronteiras.

Se hoje foi assim, estou curioso com o amanhã.

Abreijos.






quarta-feira, 18 de junho de 2014

Teatro da Garagem II



Todas as mesas estão "meio-ocupadas".  Perceba-se que a grande maioria das mesas estão dispostas em fila. Ocupa-se assim a metade virada à vista particularmente solarenga de hoje. 

Uma das melhores de Lisboa que conheço - da minha Lisboa.

Sobra um punhado de mesas interiores que ainda só notei serem ocupadas por elementos da casa. Ora a comer sorrateiramente fatias de Cheesecake, desfrutarem da pausa e da falta de clientes, ora de cabeça em mãos, a braços com dossiers de contabilidade. Pelo ar da coisa, não muito favorável.

Hoje levo comigo um pormenor novo. Os candeeiros que pendem sobre estas mesas são diferentes dos restantes. Parecem pequenos toques de capricho - "Nunca ninguém vai reparar nestas mesas qualquer das formas". Um apontamento requintado de malvadez, e pozinhos de belo por estar escondido. 

Sobre a mesa do canto pende uma Cartola - iluminada por dentro, entenda-se.

Tenho muito poucas oportunidades de fazer brilhar o cavalheirismo que tento manter em mim.  

 - Uma tosta de queijo, um copo de tinto, e o menu das ideias por favor.


sábado, 7 de junho de 2014

Teatro da Garagem I


Está mais frio do que pensei que ia ficar... esteve assim o dia todo e quanto mais penso nisso mais a minha constipação se apercebe.

Convirjo pensamentos pelas ruas graffitadas com paisagens da cidade. Parecem os temidos "terroristas urbanos" ter mais apreço pelas vielas do que a Câmara Municipal.

Passo pelas bandeiras vermelhas que servem de despertador à minha consciência e anuncio-me à entrada. O tropeção que fiz ecoar pelo hall recorda-me que trazia a mochila às costas.

O Securita de serviço faz um esforço por não se rir e espera que o comprimente.

- Boa Tarde...
- "Btard"

Desço o mais hirto possível pelos dois andares de exposição que já conheço de cor. Não diria ainda de olhos fechados, mas hoje também não é dia para essa aventura.  Hoje não sou o único por aqui. Há barulho a mais lá em baixo, palmas a par de gargalhadas e tilintar de copos ocasionais.

Som de festa, som de vida e alegria - Logo hoje que tinha amarras na alma para arrancar a ferros e frases Saturninas.... Julgo que não deveria ter escolhido um Sábado nesse caso.

Suspiro e deixo os ferros quentes à entrada.  

domingo, 20 de abril de 2014

Show Must Go On



Passaram já 8 meses desde que terminei o contrato que me vinculava à família Disney.

Esgotaram-se as perguntas e a curiosidade acerca dessa "minha grande aventura". Já todos me perguntaram como foi. 


Não dei uma única resposta decente. 

Na tentativa de manter a honestidade de cada resposta, obriguei-me a não ter nenhuma formatada e a analisar a experiência e como eu a via naquele preciso momento. 


Todas as respostas me deixaram na boca um sabor amargo a injustiça. 

Deixei sempre "alguma coisa" por dizer. Um "alguma coisa" que agora, que as cores se deixaram esbater e os cheiros são difíceis de recordar, não tem assim tanta importância. 


É no entanto a mesma "alguma coisa" que na pele que vestia então, era de importância capital. 

E assim mantive-me curto. Curto e injusto por falta de opção.